COMO LEGITIMAR AUTOCRACIA MILITAR COM PROFECIAS NO DISCURSO POLÍTICO DO BRASIL MODERNO

 

A República nasceu tutelada pelos militares alçados à Poder Moderador. 

O Exército (enquanto força política atuando como partido político) sempre foi o maior elemento DESESTABILIZADOR da vida histórica, política e cultural brasileira. 

A história da República é uma tragédia sem fim, com sucessivos golpes e contragolpes.

Ao longo desse processo, o Estado brasileiro foi sendo sucessiva e gradativamente socializado e dilapidado. 

O Brasil é um pais SOCIALISTA na pior extensão do termo, pois, seu povo não tem consciência desse fato criado pelos governos de “direita”. 

O Poder Moderador do Brasil nasceu, por sua vez, investido de uma “aura messiânica” forjada pela Maçonaria ao conferir o título de Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil a D. Pedro I, aura “transferida” ao Exército em 1889 por militares e civis. 

A história da República do Brasil não pode nem ser lida nem entendida sem a teoria do MESSIANISMO POLÍTICO.

A chamada Nova República (pós 1985) nasceu fabricando sucessivos presidentes messiânicos, e nisso “inovou” completamente. 

O primeiro foi Tancredo Neves. 

De lá para cá, exceto os vice-presidentes que assumiram, todos os outros foram “fabricados” com o mesmo rótulo. 

Esta “tradição” na história política nacional mostra um Poder operando por trás dos bastidores políticos, pois, a “fabricação” opera a partir de “fora” em todos os partidos políticos e com claro apoio da mídia nacional que segue um “rito textual” preciso: elevação do mito-negação-destruição. 

Basta ver há décadas as capas da revistas Veja e ISTOÉ para se perceber um cenário de superfície, friso, de superfície.

Contrapondo essa realidade histórica nacional, os estudos de MESSIANISMO POLÍTICO no Brasil são escassos, quando não muito quase que proibidos, atitude perfeitamente compreensível dado que os verdadeiros donos do Poder manobram com símbolos servindo e descartando-se deles para continuar no exercício do Poder.

O governo de Jair Bolsonaro tem matizes muito particulares dentro desta “tradição”, uma delas é a convergência com os discursos messiânico-milenaristas dos evangélicos americanos e do sionismo materialista internacional. 

Outra, é a destruição do Estado, Instituições e Símbolos republicanos. 

Por trás da figura dele está a manutenção da “identidade simbólica” do MILITARISMO como “face paterna da Pátria”, anunciando um “novo amanhã de paz e felicidade”.

Há poucos dias, correu a notícia: “Bolsonaro é abençoado por Edir Macedo em culto com 10 mil fiéis em SP. 

No altar, de joelhos e de costas para os fiéis, Bolsonaro foi ungido com o azeite da igreja evangélica”.

A cena fala por si mesma.


Edir Macedo abençoa Jair Bolsonaro no Templo de Salomão, sede da Igreja Universal do Reino de Deus em São Paulo.

 Fonte: Jornal O Tempo:

https://www.otempo.com.br/politica/bolsonaro-e-abencoado-por-edir-macedo-em-culto-com-10-mil-fieis-em-sp-1.2229799

O discurso messiânico-milenarista que fabricou a campanha, o candidato e o agora governo do mítico presidente, bem como o retorno dos militares ao Executivo nacional (“disfarçando” o golpe branco militar) utiliza-se do cerne de argumentações de cunho profético-universalista como recurso legitimador do poder MILITAR tendo como inimigo/alvo identificado TODOS os civis, e não somente a esquerda, como querem fazer acreditar.

As posições políticas e religiosas adotadas pelos pastores e bispos evangélicos são “iluminadas” por uma luz escatológica e providencialista onde a alegoria do revestimento de “aura mítica” a Jair Bolsonaro é tratada como ALEGORIA FACTUAL, ou seja, o fato bíblico “previsto” por ele mesmo, pelos bispos, pessoas comuns, pastores e até “Deus” anunciando-o como um “ungido e previsto messias da direita” prefigura ou força a metaforização de um fato histórico: o “Deus” evangélico-pentecostal-miliciano interfere na administração e na política nacional defendendo que a “eleição divina da direita cristãn” alçada no poder para combater o “mal personificado na esquerda e, sobretudo, em quem discorda deles”, obedece à “vontade de Deus” para fazer acontecer o Apocalipse.

Jair Bolsonaro e Lula são 2 projetos militares, são a DUPLA FACE de uma mesma moeda. 

A GUERRA HÍBRIDA militar que os criou e sustenta tem precisamente uma finalidade muito precisa: lançar mão da ALEGORIA FACTUAL, FUNDADA NA ANALOGIA DE PROPORÇÃO para que eles (candidatos e militares) façam parte não só da história humana, mas, sobretudo da história divina.

Não “obedecê-los ou seguí-los” é “afrontar contra “Deus”.

Estamos diante de uma versão grotesca e diabólica da propositura de uma SEGUNDA EPIFANIA ou MANIFESTAÇÃO DE DEUS ao Novo Mundo.

FONTE:

https://medium.com/@loryelrocha/como-legitimar-autocracia-militar-com-profecias-no-discurso-pol%C3%ADtico-do-brasil-moderno-2e38f39c4c16

Loryel Rocha - IMUB 

Filósofo, pesquisador em Cultura Oral e Simbólica Tradicional Luso-Afro-Brasileira. Presidente do IMUB www.imub.org














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