A TESE DO PATRIMONIALISMO
1- A TESE DO PATRIMONIALISMO 1
Gilberto Freyre, Sérgio B. Holanda e Raimundo Faoro
notabilizaram a tese inverídica do patrimonialismo português, tido como
“herança maldita” da Coroa Portuguesa que deixou como legado a relação espúria
entre as elites dirigentes e o poder público.
Esta tese foi construída a partir da década de 1930 pelo e no
governo ditatorial de Getúlio Vargas (disseminada pela USP), sob a orientação
expressa do gen. Goes Monteiro que, juntamente com Eurico Gaspar Dutra,
consolidou um projeto hegemônico de poder para o Exército como uma instituição
nacional, herdeira de uma tradição específica e com um papel a desempenhar na construção
da Nação brasileira, atuando, portanto, como partido político.
Foi no governo
de Vargas -sob inspiração militar- que se inicia um altíssimo grau de
propaganda ideológica com uso e sequestro dos SÍMBOLOS NACIONAIS, criando um
arranjo organizacional e simbólico aprofundado ao longo do tempo por todos os
presidentes do Brasil e, que vigora até os dias atuais.
A tese do patrimonialismo português é uma FRAUDE HISTÓRICA.
Imagem: "A Revolução Triunfante" cujos personagens
vão compor a ditadura Vargas período da construção da "identidade nacional
militar". Gramsci não estava no auge naquela época, mas, o governo Vargas
"fabrica cultura à direita".
Na foto, Miguel Costa, Góis Monteiro e
Getúlio Vargas, 8 Novembro 1930.
In: "Revista Paratodos", n.621,
p.13.
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A tese do patrimonialismo português é uma FRAUDE HISTÓRICA.
O
intelectual e sociólogo Jessé de Souza a tem destrinchado em várias de suas
obras.
Dentre os efeitos diretos desta fraude está:
1) a criminalização de todo
o modo de fazer política dos civis (ao mesmo tempo que vai alçando e reforçando
o poder político do Exército na condução da política nacional);
2) a absolvição
da participação da Maçonaria na disputa e influência política;
3) a absolvição
do papel das oligarquias criminosas (que são diferentes das existentes durante
o período da Coroa Portuguesa, portanto, da nobreza que adiministrava o Brasil
até 1822) na consolidação e implantação de um projeto de poder socializante;
4)
a absolvição do papel da mídia nacional na consolidação e implantação de um
projeto de poder socializante, mídia essa quase que em sua totalidade nas mãos
da Maçonaria no século XIX e XX;
5) a absolvição da rede bancária nacional
conectada com o sistema financeiro internacional responsável também na
consolidação e implantação de um projeto de poder socializante.
A tese do patrimonialismo absolve todas as vertentes de poder
acima, criminaliza somente os CIVIS e o modo de fazer política dos civis,
atribuíndo-lhes culpa exclusiva na corrupção e no caos político e nacional.
Isso indica que os civis não são corruptos ou não são passíveis de corrupção ou
são excelentes gestores?
Longe disso. Jessé quer apenas demonstrar a RAÍZ do
problema que assola a história nacional, não a confundindo nem com seu TRONCO,
nem com seus RAMOS secundários.
1- A TESE DO PATRIMONIALISMO 3
A tese do patrimonialismo somada com a invenção do status do
Exército como “O Estado nacional” transforma a República do Brasil numa
República Militar, eis o projeto que foi consolidado na era Vargas e vem se
desenhando ao longo do tempo dentro da política nacional sem que seja estudado
e exposta sua essência de criminalizar todo o modo civil de fazer política.
O
quadro histórico destas 2 fraudes que se somam (mas que podem e trabalham de
modo distinto) tem consequências gravíssimas para a vida nacional como um todo.
Imagem: Panfleto da campanha presidencial do Brigadeiro
Eduardo Gomes em 1950, destinado ao eleitorado culto e independente do Brasil,
Minas e Juiz de Fora.
Com palavras de Arthur Bernardes, Tristão de Athayde,
Odilon Braga, Goes Monteiro, Oswaldo Aranha, etc... em apoio ao Brigadeiro.
Atente-se à chamada da campanha cuja similaridade com o discurso político
militar atual não é casual.
1-A TESE DO
PATRIMONIALISMO 4
Curiosidade histórica.
Quando Getúlio Vargas assumiu o poder em 1930 na esteira da
revolução tenentista de 1922 e, tendo feito parte dela, no golpe de Estado que
promoveu mandou escrever outra Constituição e nomeou interventores (maioria
militares) em todos os Estados (Decreto nº 20.348, de Agosto de 1931).
Tal
iniciativa gerou uma revolta generalizada em diversos setores da sociedade onde
estudantes marcharam em direção ao escritório de ocupação revolucionário de
Vargas, onde foram mortos a 23 de Maio de 1932.
O acrônimo MMDC refere-se aos
nomes dos 4 estudantes: Mário Martins de Almeida; Euclides Miragaia; Dráusio
Marcondes de Sousa e Antonio Camargo de Andrade. Falta a inicial do 5
estudante, Orlando de Oliveira Alvarenga.
No dia seguinte ao assassinato pelas forças revolucionárias
de Vargas, fundou-se a Sociedade Secreta MMDC, decisiva para eclodir a
revolução, em 9 de Julho de 1932.
Um golpe militar tenentista liderado por Vargas põe fim a
República Velha criada pelo golpe militar de 1889 cujos presidentes foram, em
sua maioria, militares e maçons. Guerra entre facções militares com a
oligarquia mafiosa.
Chamo a atenção para a frase em latim do centro da Cruz:
"In Hoc Signo Vinces", "Por Este Sinal Vencerás".
Frase da
visão de Cristo para o Imperador Constantino e do Milagre de Ourique onde
Cristo aparece ao primeiro Rei de Portugal.
Esta frase foi muito invocada nos
movimentos cívico-militares do Brasil.
Atualmente, o bolsonarismo-olavista
reeditou um desdobramento dela "Deus Vult", "Deus o quer!",
dando a entender que a "direita" está em "guerra contra os
infiéis e à serviço de Deus".
Vide verbete MMDC da Fundação Getúlio Vargas cujo link deixo
anexo:
1-A TESE DO
PATRIMONIALISMO 5
O gen. Góes Monteiro (um dos tenentes da revolução de 1922)
alçado rapidamente à general anos depois, foi o homem por trás do governo de
Getúlio Vargas, igualmente revolucionário tenentista.
A chamada Doutrina Góes
Monteiro possui como eixo básico repensar e idealizar o papel das Forças
Armadas -sobretudo do Exército- como força POLÍTICA e, não somente como força
militar.
Ao Exército cabe apropriar dos SIMBOLOS NACIONAIS, como seu fosse seu
mais legítimo e único representante.
Góes Monteiro desenha uma nova
interpretação de Pátria - que o governo de Vargas vai lançar- onde a
instituição se posiciona como O ESTADO acima do Estado civil.
Portanto, há um
poder militar acima do poder civil, e não subserviente a ele, ao contrário.
A campanha de "valorização das Forças Armadas"
(leia-se primordialmente Exército), a forja da identidade militar como a
instituição "Pai do povo" e outras bizarrices são concretizadas de
vários modos, um deles é a propugnação da "Doutrina de Segurança
Nacional" que terá em Golbery do Couto e Silva seu continuador.
Em cima
dessa Doutrina Golbery cria a teoria da "Panela de Pressão" onde os
militares criariam um partido de esquerda (PT) para controlar a própria
esquerda.
Lula ascende socialmente como o "grande e carismático operário
anti-sistema", um criatura forjada nos laboratórios militares, assim como
Jair Bolsonaro que sempre votou junto com a maioria das pautas da esquerda, mas
lançou na campanha presidencial e faz um governo como "opositor ao petismo
e aos comunistas".
A Doutrina Góes Monteiro vai lançar mão da tese fraudulenta
do patrimonialismo da Coroa Portuguesa para com isso deslegitimar todo o modo
de fazer política dos civis, fazendo com que caia sobre seus ombros todo o ônus
da corrupção do Estado e da má política.
Não sem razão, José Murilo de Carvalho
("Forças Armadas e Política no Brasil") afirma que o Exército brasileiro
é a maior força DESESTABILIZADORA da vida nacional.
Deixo, como leitura apêndice o link da obra
"Enciclopédia de Guerras e Revoluções", vol II, 1919-1945"
(Francisco Silva, org.) onde se pode ler o verbete "Doutrina Goes
Monteiro".
1- A TESE DO PATRIMONIALISMO 6
A ditadura
de Vargas sustentada e apoiada pelos militares. Anexo o Diário de Notícia de 12
de Julho de 1932, acervo digital da Biblioteca Nacional.
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Apenas 3 imagens da ditadura de Vargas apoiada e concebida
pelos militares, forjando um conceito de "Pátria", de Getúlio como
"Pai da Pátria", lançando as bases da invenção do Exército brasileiro
como força POLÍTICA, conforme explica o intelectual Celso Castro (in: "A
invenção do Exército brasileiro"), e da criminalização do modo civil de
fazer política, entre outras coisas.
O DIP getulista era o órgão encarregado de fazer identificar
os SÍMBOLOS NACIONAIS com o partido militar e Vargas.
O discurso nos jornais da
época eram praticamente idênticos aos usados hoje por Jair Bolsonaro e os
militares antes, durante e depois da campanha de 2018.
A história do Brasil é uma construção, no pior sentido e
extensão do termo.
1- A TESE DO PATRIMONIALISMO 8
Reposto posts antigos:
1) GETÚLIO ERA O "PAI DOS POBRES" ANTES DE LULA
(Messianismo Político)- 31 de Março 2017
Getúlio era chamado de "o pai dos pobres".
A
referida frase foi criada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP).
Sabe por que foi escolhida essa frase?
Porque Getúlio construiu sua imagem
dentro do MESSIANISMO, tema PROIBIDO de se citar no Brasil.
Ela foi tirada do
livro de Jó 29:16 e era um dos títulos de São Vicente de Paulo ( e, não se
trata de acaso):
"Era o pai dos pobres e examinava, com diligência, a
causa dos desconhecidos".
A frase É o NÚCLEO da doutrina, do estilo político e do
governo de Vargas.
PS.: Existiu, na história do Brasil, um outro "Pai dos
Pobres", foi o governador da Capitania de Minas Gerais Luís Diogo Lobo da
Silva.
2) 31 Março 2017- Messianismo Político
A identificação MESSIÂNICA de Getúlio Vargas como sendo
"pai dos pobres" como Jó esconde uma intenção?
Certamente.
Como ela
pode ser percebida vagamente?
Quem foi Jó e o que é o Livro de Jó?
O Livro de Jó é um dos livros sapienciais do Antigo
Testamento e da Tanakh.
É considerada a obra prima da literatura do movimento
de Sabedoria.
Também é considerada uma das mais belas histórias de prova e fé.
Jó era um homem temente a Deus e o agradava.
3) Exemplo de CULTURA SIMBÓLICA dentro da política- 10
Fevereiro de 2018
O que é a IMAGEM de um CANDIDATO e como ela é construída?
A imagem
é como o CANDIDATO será visto, percebido (de modo consciente ou inconsciente) e
aceito (ou rejeitado) pela população; ela é construída em cima de SÍMBOLOS que
podem ter uma carga simbólica VERDADEIRA ou FALSA.
Cito somente 5 Exemplos:
1) A CANDIDATURA de Pedro Paulo à prefeitura do Rio de
Janeiro (que estava à frente) foi derrubada por conta da divulgação que ele
BATIA na sua mulher (fato verdadeiro, mas, em política a verdade/falsidade é
irrelevante).
Portanto sua IMAGEM foi atingida.
trás dela, o SÍMBOLO de
marido é o que foi trabalhado, e por conseguinte de família;
2) Collor foi eleito presidente tendo sua IMAGEM associada à
CAÇADOR DE MARAJÁ.
SÍMBOLOS anexados: virilidade, ética...;
3) Lula foi teve sua IMAGEM trabalhada no início como TRABALHADOR,
depois, como MESSIAS que veio para salvar o Brasil.
SÍMBOLO anexado: o MESSIAS
da esquerda;
4) Getúlio Vargas teve sua IMAGEM trabalhada como PAI DOS
POBRES. SÍMBOLO anexado: o MESSIAS caudilho.
5)Jair Bolsonaro teve sua IMAGEM trabalhada como CONSERVADOR
e MILITAR.
Símbolo anexados: MESSIAS (eleito pelo povo) e ÉTICA.
Por trás de toda IMAGEM tem um SÍMBOLO que lhe é inerente, o
qual, evidentemente, é manobrado pelos especialistas para construir, promover,
alavancar ou destruir uma CANDIDATURA.
Imagens podem ser, portanto, fabricadas
artificialmente e é o que mais acontece.
Por conseguinte, uma excelente equipe
de propaganda e marketing faz precisamente esse papel para levar seu cliente à
vitória.
Nesse quesito o PT dá um show de competência e vitória absoluta sobre
seus adversários.
Haja vista que sua equipe era levada ao mundo inteiro para
"trabalhar" a imagem de outros governantes de outros países para
concretizar o projeto da Pátria Grande.
Portanto, SÍMBOLOS falam, e muito.
Não sem razão Mário
Ferreira dos Santos afirmou: "Com símbolos, expressamos o que não
poderíamos fazer de outro modo, porque, com ele, transmitimos o
intransmissível."
Igualmente, Fernando Pessoa de modo lapidar: A verdade não
pode ser transmitida à humanidade porque a humanidade não a compreenderia.
Só
por símbolo, portanto, pode a verdade ser-lhe dada de sorte que sinta a
verdade, sem a compreender".
CARLOS
BOLSONARO PREGA DITADURA EM SEU TWITTER E DEPOIS DESMENTE A SI MESMO
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